sábado, 5 de agosto de 2023

 Hoje conquistei algo que queria 

Vou externar em uma única Letra 

Meus sentimentos 

Kkkkkkkkkk

Ontem tive uma outra

Conquista 

Também 

Vou externa-la em uma única 

Letra 

Meus sentimentos 

Kkkkkkkkkkk

Sabe estou feliz

Com todas essas coisas 

Boas 

E posso externa-las 

Em uma única letra

Novamente 

Kkkkkkkkk

Mas não consigo externar 

O que me é constante 

A dor 

A dor de tudo aquilo 

Que fui

Ou 

Quis ser 

E não fui

Mas posso externa-la 

Também em um única 

Letra

Kkkkkkkkkkkk

Pra todos que achavam 

Que iriam rir de mim

Eu sou o maior sátiro de meu eu

Talvez seja defesa

Talvez seja distração 

Talvez seja qualquer 

Coisa que 

Não penso ou vejo

Agora 

Mas que algum sentido faz 

Em congruência com essa louca mania de rir de tudo

                                             Nenel Araujo

Kkkkkkkkkk

 O caos


O centro de tudo que sou

Consequência de tudo aquilo 

Que fui

Resposta à todas as perguntas 

Que fiz e não fiz

Uma certeza 

Do que se é

Sem nada entender 

Sobre ser 

Mas sendo

Apenas sendo

A mistura de todas 

As realidades 

Vividas ou não

Mas que nesses versos 

Deixa seu gosto 

Fantasmagórico 

Da dualidade 

Do existir 

Não existir

              Nenel Araujo

 Vivo como um prisioneiro

De uma cela sem grades

A prisão é todo espaço que me cerca

E parece ser fácil a fuga

É só correr

Mas para onde quer que eu corra

Me pego dentro da maldita detenção

Na cela puseram tudo que eu preciso para sentir-me bem

Mas tudo é distração

Os desejos, as conquistas, as necessidades

Tudo não passa de ilusão

Que me motiva a viver nessa prisão

Todos temos uma sentença à cumprir 

Mas que sentença é essa?

E porquê ter de cumpri-la?

Acredito ser mais válido uma rebelião

Não quero mais ser personagem dessa história

Onde Deuses ou Caos 

Me promulga uma pena pelo que não fiz

Vivo numa cela sem grades

Mas já posso ver que elas existem

E são todas as necessidades, desejos, e conquistas

Se viver é uma prisão 

A morte é por certo liberdade!

                                     Nenel Araujo

 O silêncio 


Teu silêncio 

Me corta a alma

E dilacera o espírito 

Fere como com um 

Punhal o coração 

Tua indiferença 

É mais mortal

Que a própria finitude

Dos tempos

E eis-me aqui

A pensar 

Se não é mais mortal

Essa minha espera

Do que foste a tua 

Por minhas respostas 

Mas de certo tenho

A convicção 

Por ti ter

Ainda um dia

Deitada em meu peito

Sentindo o calor

Que imprime

A batida do Amor

Então verás por certo 

Que não são palavras 

Ao vento

Todo sentimento 

Que compartilho 

Nestes versos.

                          Nenel Araujo 

sexta-feira, 30 de junho de 2023

 Eu quero fujir 

Não sei ao certo do que

Mas quero fujir

Quero fujir de tudo

Que me cerca 

Quero fujir de mim

Quero ser livre 

Para voar o voo da liberdade

Sem o peso do corpo que me encarcera

Quero subir tão alto quantos as águias

E descer tão profundo quanto as marianas

Quero ser livre 

Para que ainda não sei

Mas por certo tenho 

Que neste corpo (prisão) não estarei

Quero tocar o vento 

Como o vento me toca 

Quero fazer a terra me sentir 

Como a sinto em meus passos

Quero ser eu em espirito e em verdade

Livre da mentira

De viver o sopro de vida 

Visto que vida já não tenho 

E nunca tive 

O que tenho são ilusões

E todas elas se evadiram 

Da prisão que é meu corpo

Me deixando só

Para experimentar 

A realidade do não existir


                       Nenel Araujo

quinta-feira, 22 de junho de 2023

 O INSETO


Sobre a superfície líquida

Está ele a se debater

Lutando contra a morte

Apenas querendo viver

Toda sua luta é em vão

Seu corpo oscila

Como se parte fizesse

Daquelas oscilações

Criadas pelos pingos

Que intermitentemente

Sobre aquela superfície

Unia-se

E agora acho que morto jaz

Sobre a superfície líquida

E seu corpo baila

Para lá e para cá

Como determinam aquelas oscilações

Mas vejo que volta

A se debater como se

Da vida não tivesse

Ainda desistido

-O que será que se passava àquele momento

nàquela mente de inseto?

-Uma simples vontade

De desistir da vida ou

Uma simples vontade

De descansar

Para recuperar o fôlego

Que já parecia ser pouco?

Não! desistir da vida não

Os insetos não têm amor pela vida

Mas devem saber

O bastante sobre ela

Para preferir-la , peregrina-la

Em revés a morte

Continuo contemplando aquela superfície líquida

E vejo.

Ele seguindo curso retilíneo

Não uniforme

Tanto por sua força ao se debater (nadar)

Outros tantos

Pelas aquelas oscilações intermitentes

Então o inseto entra

No que para mim

Era um lugar seguro

Mas para ele

Apenas o reflexo de meu teto

Sobre aquele espelho líquido

Naquele instante

Como se seu instinto

De inseto o guiasse plenamente

Deu tudo de si

E debateu-se (nadou) incessantemente

Rumando firme

Naquela direção que pegara

Como se nela estivesse e estava

A sua própria salvação

Mas o caminho era longo para um inseto

E seu fôlego era pouco

Então sem pensar

Em distância e suprimentos

Nadou... nadou... nadou... nadou...

Até que não mais pode prosseguir

Seu corpo inanimado ficou

Sobre aquelas águas

Que com o corpo

Logo começaram a bailar

Um pra lá , dois pra cá

Dois pra cá , um pra lá

Como se estivessem dançando ao som daqueles pingos

A dança do ciclo vital

Que para o inseto , terminara

De forma líquida , com música e desespero.


Nenel Araujo

 Mas a aurora 

Nos campos de batalha 

Resplandece o rubro-carmim

Enquanto o crepúsculo 

Nos cega de todo sangue 

Que sangramos naqueles

Jardins

E como anjos e demônios

Matamos as certezas 

De nossos inimigos 

Todos eles refletidos

Em espelhos líquidos 

Espalhados nos jardins

E para acalmar

Todas as almas incrédulas 

Faz-se ouvir 

O som das cornetas

Mas já não é possível saber

Se pela alvorada 

Ou pelo crepúsculo!


Nenel Araujo